Terroir, um conceito milenar

Na história do vinho, nenhum conceito é mais valorizado que o terroir – tratado de maneira quase sagrada pelos europeus e, até há pouco tempo, pouco valorizado nos países do chamado Novo Mundo. Mas no que consiste o tão falado terroir? Seria algo fácil de definir ou entender? Ou seria um conceito filosófico, criado unicamente para valorizar alguns vinhos, especialmente os europeus?

Em seu senso mais estrito, terroir poderia ser definido como sendo o microclima do local onde se plantam as uvas. Ou seja, a soma dos fatores naturais que influenciam o caráter das uvas, dos quais os mais evidentes são a composição do solo, a temperatura em cada uma das estações do ano, a inclinação do terreno, a orientação do vinhedo, a incidência do sol, a presença de formações geográficas (montanhas, lagos, oceanos) próximas ao vinhedo, e outros elementos que possam interferir no ciclo vegetativo da parreira. Esse conceito ainda é adotado com muita força em várias regiões da Europa, das quais a Borgonha, na França, é o exemplo mais marcante.

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Em outras regiões da Europa, como Bordeaux, Champagne, Rhône, Rioja, Ribera del Duero, Priorato, Toscana e Piemonte, o conceito de terroir é muito arraigado e valorizado. Também no Novo Mundo, alguns países valorizam seus terroirs específicos, tais como os vales de Casablanca, Maipo e Maule, no Chile e o Vale do Uco, em Mendoza, na Argentina. No Brasil, fala-se em terroir de modo mais tímido, mas podemos citar o Vale dos Vinhedos e até o Planalto Catarinense como exemplos de terroirs brasileiros.

Nos dias de hoje este conceito tem sido cada vez mais ampliado e, de modo mais liberal, se aceitam como parte do terroir algumas práticas viticulturais e até, por que não, a influência decisiva do homem, no caso o viticultor e o enólogo, no resultado final da elaboração do vinho. Assim, detalhes como o tipo de porta-enxerto, o clone da uva, o modo de condução da videira, a espécie de levedura usada na fermentação, o tipo do carvalho das barricas e muitas outras variáveis, poderiam ser parte daquilo que se chama de terroir.

Discussões filosóficas à parte, o que realmente interessa ao consumidor é a qualidade final do vinho, o que, em última análise é o bem maior a ser preservado.

Fonte: ArtWine


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